tanta tormenta, alegria

21 de abr. de 2011

Dois retratos

Gostei não do texto sobre arte. Chato escrever em marcha lenta.
Encerrando o assunto, dois retratos.


Neste vejo um senhor distinto mas informal, boa companhia prum gole e um papo. Meio triste, o olhar, mas inteligente, bem-humorado, talvez até um pouco malandro.


Neste o negócio é outro. Nada amigável, nada informal. Nenhum aperitivo à vista por aqui. O olhar é quase agressivo, mostra um desdém violento, como se dissesse que não se importa conosco, não importa se o vemos ou não. Como se dissesse que ele é mais importante que nós, que a nossa presença diante dele, porque ele é real e nós não. Nós estamos dentro daquele outro retrato, junto do senhorzinho distinto. Ele não. Ele existe de verdade enquanto nós somos sonhos.
Sem qualquer roupa visível que nos ajude a dizer se é rico, pobre, elegante ou vulgar, ele não faz pose nenhuma, só fica parado diante de nós em silêncio afirmando que existe e que não é qualquer um. Ele é inteligente, dá para ver. Ele viu e fez muita coisa. Ele é forte, mas também está cansado. Ele sabe que o tempo é curto, que a vida é curta, que tudo passa, e não quer saber de enrolação.
O que este retrato diz é: Olha, tá vendo? Eu sou um homem. Eu não presto. Eu sou um herói. Eu sou um artista. Tá vendo o que eu sei fazer? E você? Faz melhor? Eu tô morrendo. Você tá morrendo. Não me importa. Isto que eu fiz vai ficar, e é melhor que eu e você. Isto que eu fiz é a vida.

O primeiro é um retrato do escritor Frank McCourt, feito pelo Jason Seiler para ilustrar a notícia da morte de McCourt. É uma ilustração de primeiríssima.
O segundo é um auto-retrato de Lucien Freud. É uma obra de arte.

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